sábado, junho 12, 2004

O que eu estou fazendo aqui?

Bem, Não sei bem o que me fez abrir esse blog. Acho que foi a vontade de compartilhar as sensações incompreensíveis com quem quiser tentar compreende-las, ou não ...simplesmente conhece-las. Não importa. O que importa e que eu tô aqui e já que resolvi escrever, quero falar um pouco sobre a tempestade.
Acontece que hoje eu combinei de ir a praia com a Ana(espanhola) de manhã cedo. Pra começar a gente chegou na praia às quatro horas da tarde, pegamos exatos 3 minutos de sol até que o tempo fechou, uma ventania forte tomou conta, até alguns pingos começaram a cair. Com a mesma velocidade meteórica que o tempo virou, praticamente todas as pessoas que estavam na praia debandaram. Eu e Ana, que tinhamos acabado de chegar, resolvemos ficar e aproveitar a praia vazia.
A praia tava linda, sabe quando fica uma lagoinha antes de chegar na água? Então tava assim: Tudo vazio (a não ser por nós duas, um cara fazendo um tipo maluco ai de yoga e uma menina ensaindo -eu acho- uma cena de expressão corporal ou alguma coisa do tipo) a lagoinha e o mar num tom que misturava verde claro e cinza, milhares de atobás parados no ar,como fotografias em 3 dimensões, batendo as asas sem conseguir se mover por causa da força do vento, uns windsurfistas lá no leblon e uma infinita quantidade de nuvens movendo-se rapidamente para todas as dimensões. Estava tudo realmente muito lindo, a tempestade chegando , a força do vento ...é indescritível. Só sei que em mim batia uma sensação de tranformação muito forte, de uma transformação real, concreta, orgânica, o meio ambiente se tranformando e eu ali contemplando, sentada calmamente no olho do furacão! Integração.
Pensei em todas as pessoas que a poucos minutos estavam ali, e ao perceberem que o ambiente que tinham se programado para encontrar iria se modificar fugiram correndo, não sei nem se fugir seria a palavra certa, elas simplesmente sairam. Nem cogitaram a idéia de serem surpreendidas pelo acaso. Já estão muito bem treinadas (poupa tempo!). Associam praia a sol, quando não tem sol não tem praia, logo nunca conhecerão o nascer da tempestade ... que é tão bonito.

Deveríamos viver o acaso, qual é a graça de conhecer tudo o que se vive?

2 comentários:

Anônimo disse...

Viver o acaso.... Ao acaso... Acaso?

De um ponto de interrogação nasce outro milhão
(milho grande?)

Que senso de humor...

Que saudade de sentir a barriga doer de rir...

Sinto-me tão acaso que acaso me dói. Talvez eu e o acaso não estejamos nos dando tão bem. Fico me perguntando... De onde sempre tenho força? Como é que sempre continuo?

Ainda bem que algo em mim entende que o fim é só um relógio sem ponteiros, e sempre se dá um recomeço.

Estou triste e assustado pelo Luciano, e por você. Mas sei que sabe se virar muito bem...

Porque as lágrimas não saem... O silêncio e eu não nos acalmamos juntos.... Porque eu não vou dormir? Queria saber ou entender meu medo. Quero parar, mas o tempo não para, não sei pra que inventaram os ponteiros do relógio do tempo . . .

Beijo

Felipe

Anônimo disse...

Vivi,
Gostaria de ter estado com vocês neste dia. As pessoas realmente estavam fugindo do novo, do desconhecido, do acaso. Esteja sempre aberta para o novo, procurando sempre pescar o significado de cada situação que foge do nosso controle. Sempre existe um porquê nos momentos aparentemente tristes. Quase sempre só percebemos o significado muito tempo depois. Mas quando chega o momento de compreensão, nos sentimos de certa forma aliviados e sintonizados com o universo.
Mesmo longe, estarei perto de você, do seu coração...
Você sabe que tem uma amiga para sempre...
Cuide-se e ame-se muito!
Muitos beijos,
Dri