Bem, Não sei bem o que me fez abrir esse blog. Acho que foi a vontade de compartilhar as sensações incompreensíveis com quem quiser tentar compreende-las, ou não ...simplesmente conhece-las. Não importa. O que importa e que eu tô aqui e já que resolvi escrever, quero falar um pouco sobre a tempestade.
Acontece que hoje eu combinei de ir a praia com a Ana(espanhola) de manhã cedo. Pra começar a gente chegou na praia às quatro horas da tarde, pegamos exatos 3 minutos de sol até que o tempo fechou, uma ventania forte tomou conta, até alguns pingos começaram a cair. Com a mesma velocidade meteórica que o tempo virou, praticamente todas as pessoas que estavam na praia debandaram. Eu e Ana, que tinhamos acabado de chegar, resolvemos ficar e aproveitar a praia vazia.
A praia tava linda, sabe quando fica uma lagoinha antes de chegar na água? Então tava assim: Tudo vazio (a não ser por nós duas, um cara fazendo um tipo maluco ai de yoga e uma menina ensaindo -eu acho- uma cena de expressão corporal ou alguma coisa do tipo) a lagoinha e o mar num tom que misturava verde claro e cinza, milhares de atobás parados no ar,como fotografias em 3 dimensões, batendo as asas sem conseguir se mover por causa da força do vento, uns windsurfistas lá no leblon e uma infinita quantidade de nuvens movendo-se rapidamente para todas as dimensões. Estava tudo realmente muito lindo, a tempestade chegando , a força do vento ...é indescritível. Só sei que em mim batia uma sensação de tranformação muito forte, de uma transformação real, concreta, orgânica, o meio ambiente se tranformando e eu ali contemplando, sentada calmamente no olho do furacão! Integração.
Pensei em todas as pessoas que a poucos minutos estavam ali, e ao perceberem que o ambiente que tinham se programado para encontrar iria se modificar fugiram correndo, não sei nem se fugir seria a palavra certa, elas simplesmente sairam. Nem cogitaram a idéia de serem surpreendidas pelo acaso. Já estão muito bem treinadas (poupa tempo!). Associam praia a sol, quando não tem sol não tem praia, logo nunca conhecerão o nascer da tempestade ... que é tão bonito.
Deveríamos viver o acaso, qual é a graça de conhecer tudo o que se vive?